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Mostrando postagens de 2020

Liturgia Mineira

Chegou uma visita! Acolher bem é prioridade. Ela entra pela porta da sala. Pela porta da cozinha é falta de educação. O rito começa na sala. Acolhida e uma boa conversa. Perguntar pelos familiares: - Como estão? E seus filhos? Tem que se mostrar interessado pela família alheia! Embora, talvez, nem a conheça. O tempo de duração de tal parte, Depende do fluir do papo Ou do afeto que se tem pelo visitante.   Depois de algum tempo, Passa-se para a segunda parte do rito. É hora da refeição. É oferecido um bom cafezinho. Às vezes, em copos de ‘mastomate’, Às vezes, em caneca esmaltada E, os mais requintados, em xícaras do casamento. O café não deve vir só! Deve ser acompanhado de merenda. Se não as tiver, é preciso pedir para não reparar! Quanto mais variedades de quitandas, melhor. O momento prolonga-se com conversas.   Algo é sagrado: Não se deve partir sem tomar café! Após servido e tomado, Bem merendado, a visita pode partir. Sair sem o cafezinho? É um grave erro. Não se comete!   Vai-se

Insuficiência altruísta

  (Imagem da internet) Depois de tanto trabalhar, Anos de experiência, Cabelos brancos, mãos enrugadas e olhos cansados, Chegou o tempo da aposentadoria. Enfim... aposentar! Podia descansar. Deixar seu lugar para outros. Talvez alguém desempregado. Um novato! Mas não conseguiu. Conciliou aposentadoria e trabalho. ‘Não largou o osso’. Continuou do mesmo modo. Mesma rotina, Mesma vida, Mas com aposentadoria. Um dia, bastante cansado, Sofreu um grave acidente No caminho do trabalho para casa. Feriu-se e prejudicou outros. Qual foi a causa? Assim foi constatado: Sofreu de grave insuficiência altruísta. Emanuel Tadeu #insuficiêncialtruísta #altruísmo #empatia #viver #poesiar #utopiadoviver

Desproporção

(Imagem: Internet) Eis um dos paradoxos da vida: Pouco valorizamos os vivos E muito exaltamos os mortos. Em síntese: falta-nos proporção! Emanuel Tadeu #Proporção #Vida #Existencial #Poesiar #UtopiadoViver

Utopia do Viver

(Imagem: internet) Utopia, eis a questão! O ‘não lugar’? Não, creio eu. Então o quê? O bom lugar para, enfim, descansar. Emanuel Tadeu   #UtopiadoViver #Utopia #Existencial #Poesiar

O descalçar

(Imagem: internet) Ela obrigava todos a entrar descalços em sua casa: - Chinelos e sapatos na porta! Os pés descalços para não sujar meu chão! No dia de seu velório, Ela entrou descalça em sua casa E os demais, calçados sujando o seu chão. Emanuel Tadeu #ODescalçar #Existencial #Poesiar #UtopiadoViver

Professor

  Entrou na sala de aula. Colocou os livros sobre a mesa. Pegou o giz branco. Apontou para o quadro. Escreveu, leu, ensinou... Viajou pelo mundo. Percorreu das letras aos números. Caminhou pelas épocas e personagens. Viajou, sem mesmo sair do chão escolar. O sinal tocou. Os alunos saíram depressa. Ali ficou. Olhando as carteiras, Cadernos e mochilas. Lembrando de cada um. Sem perceber, exclamou: Obrigado, Senhor, pelo meu Ser professor! Emanuel Tadeu #DiadoProfessor #Existencial #Poesiar #UtopiadoViver

Sutil Milagre

Emanuel Tadeu #SutilMilagre #Existencial #Palavra #Poesiar #UtopiadoViver  

Uma Escolha

  Emanuel Tadeu #UmaEscolha #Existencial #Poesiar #UtopiadoViver

Profundidade

  Emanuel Tadeu #Profundidade #Existencial #Poesiar

Mistanásia

  E ela esperou Aguardou pela cirurgia Tinha nome de Santa Mulher pobre e da periferia O sistema disse que seria logo As dores continuaram, Mas a esperança não morreu Suspirou profundamente Aguardemos! Entretanto, a doença não conhece a espera Tem pouca paciência Resolveu levá-la de uma vez E ela se foi sem socorro Sem ter tido oportunidade de prosseguir Morreu na fila de espera Sem esperar a morte. Emanuel Tadeu #Igualdade #Umundomelhor #Poesiar 

A casca

Emanuel Tadeu #ACasca #Existencial #Poesiar

E o tempo levou

  Ele queria ficar rico Trabalhou exaustivamente por isso Perdeu domingos e feriados Missas, passeios e lazer... Não viu a família crescer Nem presenciou o nascimento do seu primeiro neto, Que recebeu o seu nome E ele continuou... Construiu um alto prédio na avenida principal Quando na sua plena maturidade econômica Adoeceu daquela doença que não se deve falar o nome Morreu aos 41 anos Jaz sob belo mármore Deixou uma farta fortuna Na divisão do testamento, seus filhos brigaram. Emanuel Tadeu #Existência #Vida #Família #Valores #Fé #Poesiar

Na Estrada

Nas empoeiradas estradas rioesperenses Sob sol de julho Nas curvas mineiras Das cercas contínuas Nas sombras dos bambuzais Os cachorros ladram As depressões na pista Um olhar no retrovisor Pedras bailarinas Saltam como pipoca O acelerar nas mãos O frear nos pés Um olhar difuso Um caminho pela frente Uma moto para seguir Meu pó, minha poeira, meu ar O vento suave E o acelerado constante O caminho conhecido As novidades do talvez destino Chegar algum lugar Talvez um dia, Dona Maria, - Se Deus quiser, meu filho! Emanuel Tadeu #NaEstrada #Poesiar #Caminhos

Crônicas do Seminário

De dom Frei Manoel a este dia presente Notável sonho de um bispo tornou-se palpável Como erigir um Seminário no interior? Um desafio pouco rentável.   Mas Dom Frei não desistiu Levou ao término sua nobre missão   Esforçou-se com grande empenho Conseguiu uma chácara com casarão.   Do jesuíta, Pe. José Nogueira Aos formadores de agora Uma vida repleta de rostos Os anais ornamentados de uma história.   Seminaristas no decorrer das páginas Corações em discernimento Jovens oriundos de tantos lugares Padres de outrora como os deste tempo.   Com grande afeto hoje    270 anos queremos comemorar A ‘alma mater’ de Minas Nossa homenagem, simplesmente realizar.   Batam palmas, ó povo, Louvem a Nosso Deus Eis o Seminário jubilar No dedilhado dos seus. Emanuel Tadeu #SemináriodeMariana #270anosSSJ #ArquiMariana #Vocação #Poesiar

Entre Rostos

No rosto doloroso da Senhora das Dores Encontrei minha dor de cada dia Olho o rosto da Virgem Maria Vejo o espelho de minha agonia. No rosto feliz da Senhora da Alegria Rejubila meu ser contente Olho o rosto da Virgem Maria Vejo o sorriso de nossa gente. No rosto brasileiro da Senhora Aparecida Elevo minhas mãos em prece Olho o rosto da Virgem Maria Vejo o país que luta e cresce. No rosto esperançoso de nossa Senhora Contemplei o broto da rosa Olho o rosto da Virgem Maria Vejo um mundo novo à porta. No rosto humano de Deus O plano de salvação encarnado Olho o rosto de Jesus Cristo Vejo o ser humano, profundamente, amado. Emanuel Tadeu #EntreRostos #Fé #Poesiar #UtopiadoViver

Senhora do Carmo

Uma Ordem em grandes dificuldades Migrou-se para o continente europeu E lá também encontrou tribulações O Carmelo quase esvaneceu. O superior geral, Frei Simão Stock, Juntamente com toda a Ordem rezavam Pediam a intercessão de Nossa Senhora O socorro que tanto necessitavam. Nossa Senhora escutou o clamor Estendeu seu manto aos filhos seus Em 16 de julho de 1251 A Virgem ao Frei Simão apareceu. A bela Senhora visita a humanidade Entrega o Escapulário santo Para os devotos da Ordem carmelita Do fim eterno, os preservando. Revestindo-se do Santo Escapulário O avental dado por Maria Tornamo-nos servidores do Vinho de Cristo Trazemos alegria a festa da vida. De um lado do sublime avental Está a imagem da Senhora de bondade Do outro lado da singular vestimenta Está Jesus em seu amor pela humanidade. É preciso usá-lo com verdadeira piedade Não o tendo como um amuleto de sorte Esforçar-se no compromisso cristão Na busca

A ilha dos delirantes

Para a ilha dos delirantes eram mandados todos aqueles que tinham algum tipo de deficiência mental. Três, das centenas que estavam ali, merecem destaque. O primeiro é Joaquim Santiago, sujeito alto e magro, que beirava os setenta anos. Filho de professores, teve contato com a mais diversa Literatura desde novo. De tanto ler, achava que era o Imperador de todo o universo, quase um deus. Mandava em tudo: no vento, na chuva, nas pessoas e no tempo. Raramente era ouvido. Quatro ou cinco outros loucos eram seus fiéis subordinados e um deles era Galvão Guerra. Galvão Guerra era filho de camponeses, acostumado com a natureza e com os animais. Era até bem inteligente, tinha noção dos tratamentos das doenças que afligiam os animais. O problema dele era se ver como um cavalo, dando montaria à Joaquim e a qualquer outro que quisesse dar uma cavalgada. A terceira louca daquele lugar era Ester Santana. Filha de pais muitos religiosos, sempre se interessou muito pela história

Crônicas de um sorvete em dia de quinta-feira

Toda quinta-feira era a mesma coisa: depois do horário letivo, os seminaristas voltavam para a Comunidade, almoçavam e se preparavam para ir à rua, seja para comprar algo, visitar outra Comunidade do Seminário ou, no caso daqueles dois, comprar um sorvete, sentar no banco da praça, observar os peixes e conversar sobre a vida. Toda quinta-feira era a mesma coisa: o mesmo sabor de sorvete, o mesmo banco, o mesmo lago, os mesmos peixes e as mesmas conversas: falavam sobre suas histórias de vida, suas paróquias de origem, seus costumes. Reclamavam da rotina de estudos, da grande quantidade de tarefas e das provas que se aproximavam. Outros seminaristas, ao se depararem com aquela cena, comentavam:  - 'Que vida boa, hein!’  - 'Você que pensa!’ Respondiam os dois em uníssono.  Ao se aproximar às 15 horas, eles se levantavam, jogavam o guardanapo e a pazinha no lixo e seguiam, esperando a quinta-feira seguinte. Chegavam em casa e ouviam a clássica pergunta:  -

Ciranda Trinitária

(Imagem da internet) Três crianças brincando de roda Bailam alegres, sorriem alto, cantam entusiasmadas O movimento é suave e constante Os pés, vez ou outra, se elevam do chão Parecem andar sobre as nuvens Pisar em algodão Os cabelos ao vento As mãos dadas e bem juntinhas Os sorrisos atraentes Ao mesmo tempo envolventes O canto é animador A ciranda trinitária não para um instante Unidas em uma só dança Embora três crianças diferentes. E nessa dança singular Chega outra criança nascida depois É menor, mas quer brincar também Fica observando sem saber como entrar na roda Ela vê como as três crianças são felizes Como dançam levemente, parecem plumas ao vento Pensa consigo se será capaz de acompanhar tal movimento - E se eu cansar? Fica observando a ciranda trinitária Leve e suave como um carrossel Parece convidar ao movimento E eis que se ouve uma voz: - Quer brincar? - É claro que quero! - Entra na roda! Duas mãos são estendida

O Ser seminarista

O ser seminarista... Ser seminarista é perceber que Deus pede algo de você e que no início a gente pode se sentir orgulhoso disso e talvez até um pouco vaidoso, às vezes ter muitos receios, mas depois percebe que não é digno de tal chamado, é pura bondade de Deus. Ser seminarista é perceber que estar no Seminário não significa fazer a vontade de Deus, necessariamente, pois isso depende do seu esforço constante de buscar se configurar ao Mestre, em rezar além das horas estabelecidas, dedicar-se na intimidade com Deus. Na verdade, ser seminarista é perceber que Deus, quando chama alguém, deseja, primeiro, que você permaneça com Ele e depois faça as "coisas" d'Ele. Ser seminarista é ficar rezando para que o tempo passe rápido e chegue a etapa da Teologia, mas quando essa chega finalmente, a gente percebe que o tempo passa rápido e você ainda não está preparado plenamente para ser ordenado. Sim, ser seminarista é entender aos poucos que o lado humano da estola sacerdotal

Aprendendo andar de bicicleta

E ela começou a aprender andar de bicicleta. Tão franzina e pequena era aquela doce menina. Cabelos cor de ouro e encaracolados. Vestido vermelho de bolinhas pintadinhas de branco. Na tarde de domingo, com o calor suave de terras mineiras, ali estava ela em sua bicicleta verde com detalhes pretos. O pai a segurava por trás e ela pedalava. Dava gargalhadas ao sentir o vento balançar seus cabelos e a adrenalina correr em suas veias. O sorriso era contagiante e largo. Exibia a janelinha entre os dentes que ganhara há alguns dias. Seus olhos cor de mel saltavam de entusiasmo. - Tô conseguindo, papai! Exclamava radiante. Para a menina, a velocidade era imensa. Sentia-se em uma motocicleta em plena corrida. A poeira levantava ao passar as rodas pela estrada de terra. E ela acelerava querendo mais aventura. O pai não conseguiu acompanhá-la mais. E ela se foi acelerada, gritando de alegria. - Uhu... Tô voando, papai! Quando de repente: bum!!! Lá estava a menina esparramada no

De mãe para mãe

Quando se vai à cidade, tem que passar na igreja e rezar. Assim fiz. Entrei naquela grande matriz que parecia desproporcional à cidade tão pequena. Fiz a vênia diante do altar e dirige-me à capela do Santíssimo. Entrei, fiz a genuflexão e ajoelhei. Enquanto rezava, via aquela mulher com uma criança ajoelhada ao seu lado. Parecia uma mulher adulta, provavelmente tinha de 30 a 40 anos. Ela rezava o terço da Misericórdia. Que boa escolha! Em meio à pandemia que vivemos do Coronavírus, nada melhor do que pedir misericórdia ao Senhor. Mas algo tocou meu coração. Enquanto ela rezava, a criança sempre repetia as últimas palavras da oração como um eco, um eco espiritual. Não sei se aquele menino sabia rezar, mas vendo aquela mulher, que provavelmente era sua mãe, com certeza estava motivado. Ela rezava e ele ecoava. Vez ou outra a criança olhava para um lado e para outro, distraída com outras coisas, mas continuava seguindo a mãe na oração. De repente, a mãe fixou os olhos no sacrári

Lava-pés

O gesto inclinado Simples curvatura Grande dignidade Ao lado, uma jarra e bacia Uma grande mesa de quatorze lugares Uma vela silenciosa crepita Olhares confusos e cruzando-se na sala - O que ele está fazendo? Pensam no silêncio do coração O som da água sendo derramada Lá fora, uma noite fria, envolvida por preto vestido Um vento discreto sussurra As cortinas amareladas são suavemente embaladas E ali, inclinado no chão Segurando pé por pé Um Deus/Homem lava Toca o chão e derrama água Acaricia os pés Concede-lhe um ósculo Olha nos olhos e sorri - Agora está limpo, pode partir! Emanuel Tadeu

Aquele que tudo vê

(Imagem da internet)                            Outro dia, ao conversar com uma pessoa, ela fez um sarcasmo quando diante de uma preocupação eu disse que Deus providencia tudo para seus filhos. A referida senhorita disse-me ironicamente: “mas é claro, Ele está vendo tudo !” e apontou o dedo para o alto. Senti em sua fala aquela crítica advinda de uma visão de Deus representada pela imagem do olho que tudo vê, como Aquele que tudo enxerga para condenar e castigar as suas criaturas caso desviem do caminho correto. Pensei em como aquela mulher tinha uma visão equivocada de Deus, talvez, não por culpa dela, mas pelo modo como aprendeu a olhar para Aquele que a criou.             Alguém pode me indagar se concordo com a imagem de Deus que tudo vê a qual remete a onisciência e onipresença divina. Digo que concordo plenamente. Sim, Deus tudo vê, mas não para punir, mas para cuidar. É muito mais do que aquele pai ou mãe que de vez em quando olha onde está o seu filho pequeno par