Toda quinta-feira era a mesma coisa:
depois do horário letivo, os seminaristas voltavam para a Comunidade, almoçavam
e se preparavam para ir à rua, seja para comprar algo, visitar outra Comunidade
do Seminário ou, no caso daqueles dois, comprar um sorvete, sentar no banco da
praça, observar os peixes e conversar sobre a vida.
Toda quinta-feira era a mesma coisa:
o mesmo sabor de sorvete, o mesmo banco, o mesmo lago, os mesmos peixes e as
mesmas conversas: falavam sobre suas histórias de vida, suas paróquias de
origem, seus costumes. Reclamavam da rotina de estudos, da grande quantidade de
tarefas e das provas que se aproximavam.
Outros seminaristas, ao se depararem
com aquela cena, comentavam:
- 'Que vida boa, hein!’
- 'Você que pensa!’ Respondiam os
dois em uníssono.
Ao se aproximar às 15 horas, eles se
levantavam, jogavam o guardanapo e a pazinha no lixo e seguiam, esperando a
quinta-feira seguinte.
Chegavam em casa e ouviam a clássica
pergunta:
- 'E aí, tomaram um sorvetinho hoje?’
- 'Claro!’ Respondiam com um sorriso
no rosto.
Aquilo já era tradição, e todos já a
conheciam.
E toda quinta-feira era a mesma coisa.
Mas naquele agosto foi diferente:
tinham que economizar o dinheiro e era um mês intenso, cheio de provas. Não
houve quintas-feiras naquele mês.
Setembro veio, e tudo voltou ao
normal. E toda quinta-feira era a mesma coisa.
Comentários
Postar um comentário