Na
minha terra de origem dizem que quando uma pessoa morre e tem o coração puro, o
céu chora. Hoje o dia amanheceu chovendo. A campainha tocou. Ao atender fui
chamado para rezar as exéquias de um senhor falecido ontem na casa de repouso. Quinta-feira
estive com ele na Santa Missa realizada lá. Era uma pessoa serena.
No
momento das exéquias, deixei a palavra aberta e quanta coisa bela escutei.
- Ele gostava de bolo - Disse
uma pessoa e acrescentou:
- Ele pedia que eu
levasse bolo, mas um bolo grande para partilhar com todos de lá.
A sobrinha disse:
- Ele ganhou uma pequena
lata de doce de leite. Aí dividiu com todos de lá, até mesmo os funcionários tiveram
que comer. Aquela lata de doce se tornou muito maior do que realmente era.
Ali estava ele sendo velado com um pequeno número de
pessoas naquele dia chuvoso e silencioso. Não havia construído um grande
hospital, não era dono de uma rede de supermercados, nem tinha juntado um
imenso capital, não escreveu um livro, não havia casado e nem teve filhos. Entretanto, sua existência
discreta marcou as pessoas que com ele convivia. Uma das funcionárias da casa
de repouso chorava no cantinho da capela velório.
Aprendi
a lição: preciso tocar o coração das pessoas que convivo, mas não com tremendo
esforço, mas na simplicidade de um coração que está preparado para quando Deus
chamar. Conceda-me, Ó Senhor, tal graça.
Emanuel Tadeu
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