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Ao lado de um jazigo

(Imagem do arquivo pessoal - a presente crônica foi escrita ao lado deste jazigo - Urucânia, 20 de janeiro de 2023)
 

Visitando uma senhora, ela me contou sobre a história do seminarista Fabinho. Ele morreu com 26 anos em 1996. Ela disse que uma vez Fabinho contou que quando as pessoas perguntavam o que ele iria ser, ele dizia:

- Padre.

Então falavam:

- Que benção, parabéns!

Ele, porém, completou para a senhora que estava visitando:

- Ninguém me perguntava se eu estava feliz, apenas parabenizavam.

A senhora me disse que tal indagação a fez refletir bastante. Confesso que tocou meu coração também. Seja padre no aspecto vocacional ou no sentido profissional: médico, polícia, engenheiro, professor, fisioterapeuta, advogado, marceneiro... Temos que perguntar a nós mesmos e aos outros: sou feliz? está feliz? Aprendi esta lição com Fabinho que nem cheguei a conhecer pessoalmente, pois nasci justamente no ano que ele partiu.

Tenho concluído que as pessoas se preocupam muito com a exterioridade, com as aparências. Na verdade, tenho a impressão que nossa sociedade hodierna vive mais das aparências. Dificilmente alguém pergunta: você está feliz em sua vocação? Está feliz em seu casamento? Está feliz nesta profissão? Está feliz na casa nova? Afinal, você é feliz? Tanta dor, tantos suicídios, tanta depressão, tanta ansiedade, tanta infelicidade, tanta coisa... Felicidade não significa ausência de sofrimento, pois neste mundo é impossível viver sem provações, mas quanta angústia poderia ser evitada se não nos preocupássemos tanto com as aparências, mas com o essencial. Vê-se um sorriso nos lábios, mas esconde-se a tristeza do coração. O guarda-roupas está cheio, mas na alma falta sentido. Que pergunta desinstaladora: você é feliz? Desde que ouvi essa história tenho refletido e lhe convido a fazer igual: mesmo diante de todas as dificuldades da vida: você é feliz?

Emanuel Tadeu

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