Pular para o conteúdo principal

O pobre prédio abandonado

(Imagem do arquivo pessoal)

Ali estava no meio de outros tantos prédios. Sim, eu o vi ali no meio dos demais. Solitário em seu abandono ali vivia. Algumas pichações demonstravam que fora abandonado já algum tempo. Sua cor empalidecida pelo tempo. Infiltrações provavelmente o marcavam. Um dia com certeza foi planejado por um engenheiro que previu um bom lugar para habitação. Planejou para famílias viverem e desfrutarem de um lar; idosos descansarem depois de uma vida trabalhosa; jovens estudarem e dedicarem ao seu futuro; comerciantes prosperar... Mas ali estava abandonado naquela grande capital. Nascera para ser grande, mas algo o levou aquele estado deplorável de abandono. Os que o frequentavam atualmente não faziam bom uso de suas dependências. Quanta coisa suja foi crescendo ali dentro da abandonada estrutura. Por que não teve um destino como os seus vizinhos? Ou melhor, prefiro não usar a palavra destino, pois acredito que ninguém neste mundo já nasça com sua vida traçada até o fim como se já estivesse tudo escrito em um certo livro eterno. Reformulando a pergunta: por que não teve uma vida igual a de seus vizinhos? Eles foram projetados como ele, construídos como ele, tiveram acabamento como ele... Mas algo aconteceu no caminho. Não consigo decifrar, mas fato é que fora abandonado e no meio dos outros edifícios tornou-se quase invisível ou pelo menos desprezado. Ainda resiste, mas não sei por quanto tempo. Talvez algum dia alguém olhe por ele e o ajude ou talvez desmorone com o passar dos anos... Não sei. Só espero uma coisa: que com os seres humanos aconteça diferente.

Emanuel Tadeu


#prédioabandonado #abandono #vida #sentido #serhumano #cidade #utopiadoviver



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mulheres

  As mãos que vejo Cansadas da labuta Com força e ternura São dela, são da mulher.   Mãos de trabalho, Mãos do afago, Mãos de mãe, Mãos do regaço, Mãos de mulher.   Os olhos que vejo são dela Olhos recheados de amor Banhados pela vida Entre tantas feridas São dela, são da mulher.   Os pés nos sapatos Entre um passo e o descompasso Caminham pela vida Deixam passos em seguida São dela, são da mulher.   O sorriso aberto As palavras em melodia O gosto pelos filhos A luta de cada dia São elas, são mulheres.   De calça ou de saia No escritório ou na cozinha Nos livros ou nas panelas São atentas e fortes São elas, as mulheres.   O coração em seu peito Palpita em segredo No ritmo da vida Trabalho e família É dela, é da mulher.   Não se preocupe, ó doce ser A vida tem tantas batalhas Mas no correr dos ponteiros Não deixarão passar em branco A grandiosidade do seu ser,...

Santo Antônio da Silva

Caminhaste na areia O homem descalço Deixaste tuas marcas No rol dos altos. Antônio de Lisboa Santo de Pádua Um hábito franciscano O coração em frágua. Arauto da Boa nova Língua plena de graça Disseste com a vida Antes de proclamar com a palavra. O Evangelho em seu aroma Exalado de lábios humanos Seu perfume invadiu os corações Tua pregação provocou conversões. Santo por nós tão querido O batizamos, brasileiro Nesta Terra de Santa Cruz Canta o sabiá pregoeiro. Nesta Terra que tem palmeiras Onde cantam os pássaros Antônio, fique à vontade Trilha, no Brasil, teus passos. Recebe nossa homenagem Uma vela acesa no castiçal Em um oratório barroco As mãos unidas: um umbral. Descansa em paz, ó Antônio Repousa na morada eterna Cumpriste bem tua missão Hoje, zela por nós como sentinela. Emanuel Tadeu

O Chão da Vida

(Imagem: internet)               Hoje iniciamos o mês de setembro, o setembro amarelo recordando a bela iniciativa de prevenção ao suicídio. Hoje é também dia da Beata Isabel Cristina que morreu vítima da violência humana defendendo aquilo que acreditava em sua alma. Como é curioso o chão da vida! Devo essa expressão a minha amiga Rosângela. Ela uma vez me disse: - Manu, o chão da vida não é fácil, aprendemos cada dia a caminhar nele.             Sábias palavras, Rosângela. O chão da vida é uma terra que caminhamos descalços e muitas vezes dói a sola dos pés. Tem momentos que o frio machuca ou o calor queima no caminhar, mas o que fazer? Não se pode parar no caminho ou melhor, não se deve parar de caminhar. Obviamente há momentos que terei que descansar e recuperar minhas forças, mesmo que em algum desses momentos pareça que elas exauriram totalmente. Entretanto, realme...