Ali estava no
meio de outros tantos prédios. Sim, eu o vi ali no meio dos demais. Solitário
em seu abandono ali vivia. Algumas pichações demonstravam que fora abandonado
já algum tempo. Sua cor empalidecida pelo tempo. Infiltrações provavelmente o
marcavam. Um dia com certeza foi planejado por um engenheiro que previu um bom
lugar para habitação. Planejou para famílias viverem e desfrutarem de um lar;
idosos descansarem depois de uma vida trabalhosa; jovens estudarem e dedicarem
ao seu futuro; comerciantes prosperar... Mas ali estava abandonado naquela
grande capital. Nascera para ser grande, mas algo o levou aquele estado
deplorável de abandono. Os que o frequentavam atualmente não faziam bom uso de
suas dependências. Quanta coisa suja foi crescendo ali dentro da abandonada
estrutura. Por que não teve um destino como os seus vizinhos? Ou melhor,
prefiro não usar a palavra destino, pois acredito que ninguém neste mundo já
nasça com sua vida traçada até o fim como se já estivesse tudo escrito em um
certo livro eterno. Reformulando a pergunta: por que não teve uma vida igual a
de seus vizinhos? Eles foram projetados como ele, construídos como ele, tiveram
acabamento como ele... Mas algo aconteceu no caminho. Não consigo decifrar, mas
fato é que fora abandonado e no meio dos outros edifícios tornou-se quase
invisível ou pelo menos desprezado. Ainda resiste, mas não sei por quanto
tempo. Talvez algum dia alguém olhe por ele e o ajude ou talvez desmorone com o
passar dos anos... Não sei. Só espero uma coisa: que com os seres humanos
aconteça diferente.
Emanuel Tadeu
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