Esta frase que intitula a presente crônica foi retirada de um lugar que parece conter bastante clichês e poeira de asfalto, todavia, às vezes faz a gente refletir profundamente. Adivinharam qual lugar? Aos que pensaram em algum livro de sabedoria estão enganados. Risadas... E mais risos... A referida frase foi retirada de um para-choque de caminhão. Na verdade, foi um amigo que me contou sobre ter visto esta expressão circulando pelo Brasil afora. Mas, Emanuel Tadeu, o que você quer falar sobre tal sentença?
Como
cristão que sou – confesso que pensei em escrever: como bom cristão que sou,
mas se sou o bom ou não, deixa para Deus julgar já que Ele me conhece muito
bem. Voltando à vaca fria, como cristão que sou, citarei uma passagem bíblica
que incomoda a muitas pessoas normais: “A vós que escutais eu vos digo: Amai
vossos inimigos, tratai bem os que vos odeiam; bendizei os que vos maldizem,
rezai pelos que vos injuriam...” (Lc 6,27-28). Se não fosse Jesus que tivesse
dito isso, eu teria minhas dúvidas, pois ele não só disse, mas ainda mais,
viveu isso até o fim de forma plena. A questão é que fazendo uma hermenêutica –
palavra esquisita que significa basicamente interpretação – da passagem bíblica,
constatamos a grandiosidade do ensinamento sobre o mandamento do amor que o
Filho de Deus trouxe para nós. Um amor que vai além dos seus queridos e alcança
os não tão queridos, ou melhor, os odiados – e bota odiado nisso em certos
casos: haja perdão!
Vocês, então, devem estar se
perguntando o que tem haver a referida passagem bíblica com o para-choque de
caminhão. Se não se perguntaram, peço que se perguntem agora, por favor. Só um
momento para a reflexão... ... .... Mais um pouco... Pronto! A questão que
quero apresentar aqui é que há diversas formas de amar o inimigo. Em alguns
casos, amar o inimigo significa: “Mantenha distância para evitar colisão!”.
Sim, têm pessoas que o jeito de amá-las vai ser se distanciar. Mas isso é
certo? Cabe a cada um discernir. O fato é que têm seres humanos os quais quanto
mais aproximo, mais saio ferido ou firo. Tento uma, duas e até três vezes e só
saio machucado. Então, para amá-los preciso distanciar e não desejar o mal.
Tenho que ter uma distância estratégica para evitar colisão.
Percebem que há diversas formas
de amar o inimigo? Às vezes o único amor que conseguirei oferecer para aquele
serzinho que me irrita é não estar próximo para não ser machucado e muito menos
machucar. Aprendi esta sábia lição com minha mãe que viveu muito tempo perto de
um vizinho que fazia de tudo para atormentar a vida de nossa família. Ela
sempre respondia com seu silêncio diante das tantas ofensas dele. Sábia mulher,
eu tento compreendê-la e fico cada vez mais admirado com sua fortaleza.
Pergunto-me se quando sorrio para
o inimigo realmente estou sorrindo. Se quando cumprimento, eu o faço de coração.
Aprendi que a consciência é “sacrário inviolável”[1] e
Deus, que conhece meu coração, compreende também minha intenção quando me afasto
ao invés de sorrir hipocritamente. Isso que acredito. Não peço que concordem
comigo ou façam como eu faço, mas apenas que tentem amar o próximo e, às vezes,
amar no silêncio. Se estou certo ou não, deixo para Deus me julgar, pois
acredito que “Ter uma consciência tranquila é ter o Céu perto de você”.
Emanuel Tadeu
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[1] Gaudium et Spes, 16.
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