Ali
percebi aquelas duas janelas no centro daquela grande cidade. Ficavam
solitárias no topo daqueles casarões suntuosos. A primeira que notei foi a do
palacete azul. É daquelas janelas falsas que lá encima do prédio parecia apenas
feita para ornamentar. Não tinha fundo, apenas a janela no cume da bela fachada
neoclássica. Pensei:
- Qual o objetivo de
construir uma janela sendo que não tem serventia alguma?
Sim,
meus caros leitores, fui influenciado pela cultura pragmática e calculista de
nossa época que se preocupa com a praticidade ao invés de perguntar-se sobre a
beleza, a sensibilidade...
Ali
no calçadão, contemplei aquela solitária janela encima do palacete. Ao
atravessar a rua, que surpresa tive ao perceber que o prédio na esquina, em
frente ao que observava anteriormente, tinha também uma janela no alto
solitária. Uma parecia olhar para a outra. Será que era isso mesmo ou era
apenas minha imaginação?
- Halfed, você pensou
nisso?
Conclui:
aquelas janelas se amavam. Foram construídas para uma olhar para a outra. Acima
do nível da rua, literalmente além das conversas alheias. No alto, uma poderia
passar a vida apreciando a outra. É claro que recordei do clássico de
Shakespeare: ali estavam Romeu e Julieta. Ou melhor, para um genuíno mineiro:
Zé e Maria. Quantos casais passaram por ali entre elas, quantos foram afetados
por seu enlace mesmo sem saber. As duas lá permaneciam contemplando uma a
outra. Sem dizer nada, elas me ensinaram:
- Não julgue o amor, pois
ele faz o ordinário torna-se eterno.
Ali,
encimando aqueles dois palacetes, elas permaneceram. Oxalá, eu peço, Ó Deus, por favor, que não
sejam destruídas para se construírem arranha-céus pálidos e envidraçados!
Lá, contemplam uma a outra ternamente e comprovam que o amor é resistente, perpassa
o tempo e sustenta quem de fato ama.
Emanuel Tadeu
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