Pular para o conteúdo principal

E agora, Halfed?

(Imagem: Internet) 


Ali percebi aquelas duas janelas no centro daquela grande cidade. Ficavam solitárias no topo daqueles casarões suntuosos. A primeira que notei foi a do palacete azul. É daquelas janelas falsas que lá encima do prédio parecia apenas feita para ornamentar. Não tinha fundo, apenas a janela no cume da bela fachada neoclássica. Pensei:

- Qual o objetivo de construir uma janela sendo que não tem serventia alguma?

Sim, meus caros leitores, fui influenciado pela cultura pragmática e calculista de nossa época que se preocupa com a praticidade ao invés de perguntar-se sobre a beleza, a sensibilidade...

Ali no calçadão, contemplei aquela solitária janela encima do palacete. Ao atravessar a rua, que surpresa tive ao perceber que o prédio na esquina, em frente ao que observava anteriormente, tinha também uma janela no alto solitária. Uma parecia olhar para a outra. Será que era isso mesmo ou era apenas minha imaginação?

- Halfed, você pensou nisso?

Conclui: aquelas janelas se amavam. Foram construídas para uma olhar para a outra. Acima do nível da rua, literalmente além das conversas alheias. No alto, uma poderia passar a vida apreciando a outra. É claro que recordei do clássico de Shakespeare: ali estavam Romeu e Julieta. Ou melhor, para um genuíno mineiro: Zé e Maria. Quantos casais passaram por ali entre elas, quantos foram afetados por seu enlace mesmo sem saber. As duas lá permaneciam contemplando uma a outra. Sem dizer nada, elas me ensinaram:

- Não julgue o amor, pois ele faz o ordinário torna-se eterno.

Ali, encimando aqueles dois palacetes, elas permaneceram. Oxalá, eu peço, Ó Deus, por favor, que não sejam destruídas para se construírem arranha-céus pálidos e envidraçados!

Lá, contemplam uma a outra ternamente e comprovam que o amor é resistente, perpassa o tempo e sustenta quem de fato ama.

 

Emanuel Tadeu


#eagorahalfed? #janelas #amor #calçadão #prédios #sentir #viver #utopiadoviver



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Moda do Tóxico

(Imagem: Internet)   Ela aprendeu a palavra tóxico Tó – Xi – Co! Adjetivo / Substantivo masculino Do latim toxícum.i. Tó       Xi             Co Ela apontou o dedo e... Ele é tóxico Ela é tóxica Aquele ambiente é tóxico A sociedade é tóxica Você é uma pessoa tóxica Sua conversa é tóxica Seu amor é tóxico Sua comida é tóxica Sua rotina é tóxica Aquela relação é tóxica Seu cachorro é tóxico Seu gato também “Toxicologia” “Toxiterapia” “Toxivivia” Ela ficou grávida Ganhou uma menina Escolheu o nome No Batismo, O padre perguntou: - Qual o nome vocês escolheram? - É Toxina da Silva, padre. Emanuel Tadeu #amodadotóxico #tóxico #toxinadasilva #palavra #expressão #vocabulário #neologismo #viver #toxina #poesia #utopiadoviver

Mulheres

  As mãos que vejo Cansadas da labuta Com força e ternura São dela, são da mulher.   Mãos de trabalho, Mãos do afago, Mãos de mãe, Mãos do regaço, Mãos de mulher.   Os olhos que vejo são dela Olhos recheados de amor Banhados pela vida Entre tantas feridas São dela, são da mulher.   Os pés nos sapatos Entre um passo e o descompasso Caminham pela vida Deixam passos em seguida São dela, são da mulher.   O sorriso aberto As palavras em melodia O gosto pelos filhos A luta de cada dia São elas, são mulheres.   De calça ou de saia No escritório ou na cozinha Nos livros ou nas panelas São atentas e fortes São elas, as mulheres.   O coração em seu peito Palpita em segredo No ritmo da vida Trabalho e família É dela, é da mulher.   Não se preocupe, ó doce ser A vida tem tantas batalhas Mas no correr dos ponteiros Não deixarão passar em branco A grandiosidade do seu ser, ó mulher.  Emanuel Tadeu #mulheres #

O Chão da Vida

(Imagem: internet)               Hoje iniciamos o mês de setembro, o setembro amarelo recordando a bela iniciativa de prevenção ao suicídio. Hoje é também dia da Beata Isabel Cristina que morreu vítima da violência humana defendendo aquilo que acreditava em sua alma. Como é curioso o chão da vida! Devo essa expressão a minha amiga Rosângela. Ela uma vez me disse: - Manu, o chão da vida não é fácil, aprendemos cada dia a caminhar nele.             Sábias palavras, Rosângela. O chão da vida é uma terra que caminhamos descalços e muitas vezes dói a sola dos pés. Tem momentos que o frio machuca ou o calor queima no caminhar, mas o que fazer? Não se pode parar no caminho ou melhor, não se deve parar de caminhar. Obviamente há momentos que terei que descansar e recuperar minhas forças, mesmo que em algum desses momentos pareça que elas exauriram totalmente. Entretanto, realmente desconhecemos nosso potencial. Quanta força há dentro de nós e nos momentos mais difíceis que elas agem. A v