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Chuvarada

(Imagem: Internet)
 

O vento frio balançou as folhas de Taioba na horta

Dona Maria olhou pela janela e exclamou:

- Lá vem chuva, Ladinho!

- Corre e pega as roupas do varal, muié!

Aos poucos, o céu começou a clarear com os raios

Parecia noite de São João com foguetório

Ou uma dança das luzes trêmulas

Riscavam o céu

De lá para cá

De cá para lá

Ousavam fazer curvas

Depois vinha o som tenebroso

Feroz a tempestade trazia folhas e goteiras

Pedras de gelo compunham seu script

- Ai, meu Deus! – Gritou Dona Maria

- Cadê o ramo bento, muié?

Lá foi ela procurar o ramo abençoado na Semana Santa

- Achei, homi!

Ele pegou apressadamente

- Queima logo e reza para Santa Bárbara e São Jerônimo!

- Pode deixar que já sei o que fazer

Queimou, rezou e jogou o ramo na chuva

Aos poucos o temporal serenou...

Os últimos pingos deram sorrisos

O sol despontou atrás da montanha verde

Um arco-íris ostentou-se no céu

Dona Maria abriu a velha janela de madeira

Ela rangeu nos gonzos

Após rodar a tramela, o sol penetrou o quarto

O casal se aproximou da janela

Contemplaram a paisagem encharcada

Olhoram um para o outro

Silenciaram

Sorriram

- Passou!

- Passou!

- Que coisa mais linda a criação que Deus fez!

- Que coisa mais linda que é ocê!

Emanuel Tadeu



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