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Mostrando postagens de janeiro, 2023

E o destino?

  (Imagem da internet) Estava no velório daquela mulher que havia sofrido um acidente de trânsito tão banal quando escutei: - Era o seu destino. Vez ou outra eu escuto as pessoas dizendo isso: era o destino de fulano casar com ela, trabalhar em tal lugar, ter três filhos, morrer daquele modo, sofrer tanto, se dar bem na vida... Então, indago: será que realmente as pessoas tem um destino predeterminado como se tudo já estivesse escrito em um livro eterno? Convido-lhe a refletir... Recebi uma mensagem outro dia no Facebook – hoje já exclui tal conta – em que uma tia dizia de um sobrinho de pouco mais de 40 anos que suicidou em seu apartamento. Ela comentou que alguns da família justificaram que era o destino dele morrer assim. Sinceramente não acredito nessa ideia de destino como algo fixo e predeterminado. Penso que o ser humano desenvolveu tal teoria para justificar aquilo que foge a nossa compreensão humana. Infelizmente, essa tese criou uma visão distorcida da vida como se estivésse

Existência autêntica

(Arquivo pessoal)   Eu só quero ser autêntico Ser minha verdade Nada de máscaras Sem apego ao comodismo Sem se esconder Eu só quero ser autêntico Não fingir algo Não parecer algo Ser autêntico Ser eu e pronto Ser amado por quem sou Sem disfarces Máscaras no chão Não no rosto Pedras no chão Não nas mãos Tocar o céu Saborear a doce verdade Nada de lisas paredes brancas Nem de vidros duplos Telhado com telhas transparentes Ser autêntico Caminhar na verdade Pisar descalço no chão da vida Na terra de que sou feito Modelado por dedos divinos Gerado no amor Amado, simplesmente, amado Devo abraçar minha verdade Minha história Minha família Meus vasos E meus cacos Viver! Terei uma consciência tranquila Que grande graça posso alcançar Ser autêntico e, portanto, Ter o céu perto de mim Dentro de mim. Emanuel Tadeu #existênciaautêntica #verdade #minhaverdade #felicidade #consciência #viver #utopiadoviver

Quando Deus chamar...

(Imagem da internet)  Na minha terra de origem dizem que quando uma pessoa morre e tem o coração puro, o céu chora. Hoje o dia amanheceu chovendo. A campainha tocou. Ao atender fui chamado para rezar as exéquias de um senhor falecido ontem na casa de repouso. Quinta-feira estive com ele na Santa Missa realizada lá. Era uma pessoa serena. No momento das exéquias, deixei a palavra aberta e quanta coisa bela escutei. - Ele gostava de bolo - Disse uma pessoa e acrescentou: - Ele pedia que eu levasse bolo, mas um bolo grande para partilhar com todos de lá. A sobrinha disse: - Ele ganhou uma pequena lata de doce de leite. Aí dividiu com todos de lá, até mesmo os funcionários tiveram que comer. Aquela lata de doce se tornou muito maior do que realmente era.             Ali estava ele sendo velado com um pequeno número de pessoas naquele dia chuvoso e silencioso. Não havia construído um grande hospital, não era dono de uma rede de supermercados, nem tinha juntado um imenso capital,

Ao lado de um jazigo

(Imagem do arquivo pessoal - a presente crônica foi escrita ao lado deste jazigo - Urucânia, 20 de janeiro de 2023)   Visitando uma senhora, ela me contou sobre a história do seminarista Fabinho. Ele morreu com 26 anos em 1996. Ela disse que uma vez Fabinho contou que quando as pessoas perguntavam o que ele iria ser, ele dizia: - Padre. Então falavam: - Que benção, parabéns! Ele, porém, completou para a senhora que estava visitando: - Ninguém me perguntava se eu estava feliz, apenas parabenizavam. A senhora me disse que tal indagação a fez refletir bastante. Confesso que tocou meu coração também. Seja padre no aspecto vocacional ou no sentido profissional: médico, polícia, engenheiro, professor, fisioterapeuta, advogado, marceneiro... Temos que perguntar a nós mesmos e aos outros: sou feliz? está feliz? Aprendi esta lição com Fabinho que nem cheguei a conhecer pessoalmente, pois nasci justamente no ano que ele partiu. Tenho concluído que as pessoas se preocupam muito com

Ovelha entre espinhos

 (Afresco da Matriz de São Sebastião em Ponte Nova - MG - Imagem cedida por Geraldo Magela Guimarães Filho) Participando da Novena de São Sebastião na bela matriz a ele dedicada na cidade de Ponte Nova - MG, uma pintura da suntuosa igreja chamou minha atenção. O afresco no lado do presbitério traz aquela tradicional cena de Jesus Bom Pastor cuidando de suas ovelhas. Entretanto, a pintura tem uma singularidade: Jesus está retirando a ovelha de dentro de um espinheiro. Ele se inclina e com seu báculo vai afastando os espinhos e salvando a ovelha que ali entrou. Jesus toca com sua mão a cabeça da ovelha com tamanha ternura, parece que podemos sentir o calor e suavidade de sua mão acariciando aquele ser. Talvez ninguém nunca a tenha tocado com tanto amor. Fitando-lhe o olhar parece dizer: confie em mim, vou lhe tirar daí. A ovelha o olha também. O seu olhar parece expressar aqueles que de tanto lutar e não conseguirem resultados estão cansados e não vêm saída para seus problemas. Nos olhos

O Tímido

(Imagem da internet)  Ele era muito tímido. Desejava falar com todos, Mas não conseguia. No seu velório, Muitos comentaram: - Era um homem de poucas palavras. Emanuel Tadeu #tímido #palavras #interpretação #humano #viver #utopiadoviver

Bolinhas de sabão na rua São José

(Imagem da internet) Era domingo à tardezinha. Vi bolinhas de sabão voando por aquelas ruas centenárias. Vinham todas serelepes e sorrisonhas, quicavam e morriam no chão de pedra da Vila Rica: plof! Resolvi seguir e saber de onde vinham tantas bolinhas de sabão. Subi aquela íngreme ladeira ao lado da suntuosa Basílica do Pilar. Além de ver as bolinhas, comecei a escutar o som de riso de uma criança. Que melodia encantadora! Ela ria de forma que todos se contagiavam. Cheguei ao alto da ladeira, a rua São José. Recuperei meu fôlego. Que cena linda vislumbrei: uma rua com belos casarões, calçada de pedras, pôr do sol, domingo à tarde e bolinhas de sabão para todo lado. Caminhei mais um pouco e vi uma família. O pai com o menino nos ombros pulava para que a criança alcançasse as bolinhas. A cada pulo, uma gargalhada do menino. A mãe registrava o momento e sorria junto. Eu poderia ficar a eternidade ali contemplando aquela cena de cinema. Que momento incomparável! Tudo sumiu de minha volta,

O pobre prédio abandonado

(Imagem do arquivo pessoal) Ali estava no meio de outros tantos prédios. Sim, eu o vi ali no meio dos demais. Solitário em seu abandono ali vivia. Algumas pichações demonstravam que fora abandonado já algum tempo. Sua cor empalidecida pelo tempo. Infiltrações provavelmente o marcavam. Um dia com certeza foi planejado por um engenheiro que previu um bom lugar para habitação. Planejou para famílias viverem e desfrutarem de um lar; idosos descansarem depois de uma vida trabalhosa; jovens estudarem e dedicarem ao seu futuro; comerciantes prosperar... Mas ali estava abandonado naquela grande capital. Nascera para ser grande, mas algo o levou aquele estado deplorável de abandono. Os que o frequentavam atualmente não faziam bom uso de suas dependências. Quanta coisa suja foi crescendo ali dentro da abandonada estrutura. Por que não teve um destino como os seus vizinhos? Ou melhor, prefiro não usar a palavra destino, pois acredito que ninguém neste mundo já nasça com sua vida traçada até o fim