Domingo de Ramos da Paixão do Senhor
Ramos espalhados
Nas janelas e portões
Nas ruelas e avenidas
Nas mãos e no coração.
Verde em sua aparência
Leva nosso olha além
Uma cor tão comum
A esperança nos sustém.
O Rei vai passar perto do lar
Na estrada defronte a minha janela
Vem trazendo esperança
Dando cores a nossa tela.
Hosanas ao Rei!
Das mãos pequenas da criança
Das mãos calejadas do trabalhador
Das mãos do povo da Aliança.
Ele vê a todos no caminho
Não despreza ninguém em sua história
É o dia Santo dos ramos
Na grande Semana da vitória.
Ei-lo em nossa porta
Caminhando para cruz
Deixa-me segui-Lo
Ó desconcertante Rei Jesus!
Procissão do Encontro
Era noite
Madrugada
Ela saiu apressadamente
Desejava encontrar seu filho
Nada podia detê-la
Quem poderia parar uma mãe em busca do filho?
É possível frear o coração materno?
Não, nada cessa o amor de mãe
Não a impeçam!
Deixem-na ir!
Era manhã
Véspera de Páscoa
Um julgamento injusto
O cordeiro para o sacrifício
A multidão mentira
Ele saiu com a cruz
Desejava fazer a vontade do Pai
Nada podia detê-lo
Quem pode cessar o amor latente do amado?
É possível ser infiel a própria essência?
Não, não há divisão no amor!
Ele caminha para cruz
Segue com alta liberdade.
No caminho
Sob sol palestinense
Na rua da amargura
Com poeira e dor
Mãe vê filho
Filho encontra mãe
O rio deságua no mar
O coração encontra o Coração
Olhares se cruzam
O tempo e o eterno
Nada a dizer
O coração já disse tudo
Sentimentos se entrelaçam
Adeus!
A Deus!
Ele segue a via crucis
Ela o segue
Ele com a cruz
Ela transpassada
Ambos creem
O mesmo Projeto
E a mais plena realização:
A Vontade do Pai.
Lava-pés
O gesto inclinado
Simples curvatura
Grande dignidade
Ao lado, uma jarra e
bacia
Uma grande mesa de
quatorze lugares
Uma vela silenciosa
crepita
Olhares confusos e cruzando-se
na sala
- O que ele está
fazendo?
Pensam no silêncio
do coração
O som da água sendo
derramada
Lá fora, uma noite
fria, envolvida por preto vestido
Um vento discreto
sussurra
As cortinas
amareladas são suavemente embaladas
E ali, inclinado no chão
Segurando pé por pé
Um Deus/Homem lava
Toca o chão e
derrama água
Acaricia os pés
Concede-lhe um
ósculo
Olha nos olhos e
sorri
- Agora está limpo,
pode partir!
Orvalho na rosa
Manhã cedinho
Sol despertando
Vento suave tangendo as folhas
Acorda Maria Madalena
Apressada vai ao túmulo.
Pássaros cantando
Dia renascendo
Borboletas voando
Curvas silenciosas no lago.
Maria Madalena afobada
Suor na fronte.
Pedra retirada
Vento entre as faixas de linho
Uma lagartixa passeando
O canto dos pássaros
Madalena desesperada:
- Onde está o corpo do Senhor?
Crianças brincando
Mulheres lavando as roupas
Homens no labor do campo
Pedro e João correndo.
Sudário da cabeça ao lado
Sinal de retorno
Corações disparados
Mas a natureza serena.
Não está ali!
O vento soprando
Rindo de tudo
Gente de pouca fé!
Como a dança das faixas
Como o cintilar das folhas
Com o sol quente
Ele vive
Repousa no eterno
Impossibilidade da matéria
Certeza da Fé
No sepulcro vazio
Não há solidão
Há dedilhado de canção:
A canção de Ressurreição!
Páscoa
A semente germinou e cresceu
Tornou-se árvore
De grande porte, viçosa, atraente.
Mas um pássaro nela fez nascer erva
E a erva espalhou-se
Multiplicou-se sem que a árvore tomasse consciência
Ela não sabia da gravidade daquela parasita
Deixou crescer
Um dia a árvore percebeu que já estava tomada pela erva
O senhor disse que precisaria cortá-la
Mas perguntou a árvore se poderia podá-la
Receosa, aceitou sem esperança
A poda foi profunda
Muitos acharam que não haveria recuperação
Pareceria haver morrido a pobre árvore
Galhos cortados, nenhuma folha, frio, dor...
Mas no terceiro dia algo aconteceu
Um brotinho surgiu
A esperança germinou
A vida não havia acabado
Aquele broto cresceu
Foram surgindo outros brotos
O que parecia perdido foi reencontrado
A árvore recuperou seu vigor
Floresceu e produziu muitos frutos
A passagem aconteceu
Morte para Vida
A Páscoa concretizou-se
A árvore, hoje, é sinal de vida, alegria, Ressurreição.
Emanuel Tadeu
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