Domingo de manhãzinha, estava
distraindo-me com postagens no Instagram, após um belo café da manhã com pão de
queijo, quando vi a imagem de uma mulher resgatando outra em uma grande
piscina. A cena chamou-me atenção e entrei no post para ler o que ocorrera. Tratava-se de um campeonato mundial
aquático da Federação Internacional de Natação (FINA) em Budapeste, na Hungria,
ocorrido ano passado (2022). A nadadora, Anita Álvarez, desmaiou na piscina
durante a coreografia e a sua treinadora, Andrea Fuentes, ao perceber a
ausência de Anita, saltou na piscina e a levou para fora onde recebeu ajuda
médica.
Tal cena impactou-me! Dela
retirei algumas reflexões e partilharei algumas com vocês, caros leitores.
Primeiramente, todos estamos
sujeitos a falhar. Não é o treinamento perfeito ou a nossa dedicação que farão
as coisas saírem perfeitas. Precisamos sim nos esforçar e dedicar naquilo que
fazemos. “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes” como disse
Fernando Pessoa em um de seus poemas. Entretanto, é necessário ter a
consciência quem nem tudo está em nosso controle. Anita treinou muito e durante
anos, dedicou-se, mas os imprevistos acontecem e ninguém poderia prever um
desmaio em uma competição mundial. Aqui aprendemos que, por mais que não
desejamos, sempre há espaço em nós para a vulnerabilidade. Não temos o controle
de tudo. Lembro aqui a incrível série espanhola La Casa de Papel em que o professor previa tudo que a polícia faria
e antecipava suas engenhosas estratégias, mas o fator humano de sua equipe era imprevisível
e isso faz com que os planos não saiam tão bem como esperado.
Segundo, quem são as pessoas que
nos rodeiam? Que sorte teve Anita ao ter não somente uma treinadora, mas um ser
humano com grande sensibilidade! Sim, caros leitores, se Andrea não tivesse
notado a ausência de Anita entre as demais nadadoras, ela poderia ter morrido afogada
naquela grande piscina. Entretanto, ela não era apenas a treinadora, o chefe, a
professora, o advogado, a prefeita, o médico, a atendente, o sacerdote, a
pastora, o porteiro, a estudante, o secretário... Ela não apenas ocupava uma
função ou tinha um cargo de destaque, mas conservara a humanidade por dentro
como tão pouco tem sido visto e sentido neste mundo que orgulhamos chamar de
moderno e evoluído. Ela, ao notar, em meio àquela movimentada apresentação, a
ausência de uma nadadora, pulou na piscina de roupa e salvou uma vida. Bem-aventurados
os que conservam a humanidade por dentro em um mundo tão desumano!
Bem-aventurado os que não se rendem a lógica insensível do século XXI!
Poderia aqui destrinchar outras
reflexões, mas termino convidando você a pensar em quem nos socorreu nos
momentos difíceis que passamos nesta grande piscina chamada existência – o modo
como prefiro nomear a vida e tudo que a rodeia. Muitos são as pessoas que
conhecemos, que trabalhamos, que estamos juntos na Igreja, no mercado, nas
festas, que curtimos fotos e parabenizamos nos seus natalícios, mas quem de
fato pularia na água de roupa e tudo para nos salvar? Quem perceberia nossa
ausência, ou melhor, quem sentiria nossa falta e buscaria nos socorrer? Percebo
que a maioria das pessoas cobram muito, mas oferecem tão pouco; parecem querer ver
você sorrindo, mas pouco fazem para lhe dar alegria; dizem: “se precisar, pode
falar”, mas a ação termina aí nas palavras ou emojis do WhatsApp.
Quem já afundou na grande piscina
do mundo e foi resgatado sabe como é importante ter pessoas que lhe querem bem. Não é que tenhamos que ser o salvador do mundo, já existe Um, mas pelo
menos tentar fazer o bem a quem está ao nosso lado. Já conseguiu? Eu? Ainda
não, mas estou tentando.
Emanuel Tadeu
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