Pular para o conteúdo principal

E Cia

(Imagem: Internet)

 

Dizem que tenho que enfrentar meus medos

Mas quem disse que quero tocar em minhas feridas agora?

Percebo que não consigo lidar com tudo agora

Mas será que preciso fazer isso neste instante?

 

O mundo cobra respostas

As pessoas cobram respostas

Cobram tanto e oferecem tão pouco.

 

Mas não tenho todas ainda

Será que é difícil esperar meu tempo?

Se a flor tem tempo para desabrochar

Se a semente tem seu tempo para nascer

Se a chuva tem seus ciclos

Por que tenho que ter respostas tão rápidas?

 

Preciso de tempo

Preciso de silêncio

Preciso de pausas

Preciso escutar

Escutar-me

Introspecção.

 

A singularidade humana mostra que cada um tem seu tempo

Não há receita pronta

O remédio que curou seu João não salvou seu Pedro

A doença que aleijou Catarina não machucou Rosimar.

 

Quando será que compreenderemos o valor da singularidade?

Cada um a seu tempo

Cada um...

Um!

 

Só quero ir para um jardim

Sentar num banco

Sentir o vento em meu rosto

O barulho da água do chafariz

Uma criança correndo lá longe

Os tantos carros na avenida de leito branco

O verde das plantas

Das árvores resilientes.

 

Aquele jardim não condena

Ele não julga

Só me ouve

Escuta meu silêncio.

 

Não quero dizer nada

Só quero presença

Presença que acolhe

Não julga

Presença com cheiro divino

Presença confortante

O kronos e kairós de mãos dadas

Na fração de uns minutos.

 

E eu ali

Num banco

No jardim

Naquele parque

Por um momento esqueço as feridas

E descanso de mim

Sem sair de mim

Estando ali

Na companhia de lágrimas

Descem ligeiras

Vem lá da fonte

Escorrem

Pois já não cabem no peito

 

Ali

Eu

Meu Eu

Minha história

Fatos e cacos

Passado e agora

Um pouco de futuro

Consertando-se

Eu

Deus

E cia.

 Emanuel Tadeu

24 de maio de 2023


#euecia #vida #viver #refletir #cia #utopiadoviver


 

 

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atos Gratuitos

(Imagem da internet)   - Olá, tudo bem?         - Olá, tudo bem. E cm vc? - Tudo bem tbm.     - Que bom. Precisando de alguma coisa? - Não. Mandei esta mensagem para ver como vc estava. Simples, mas profundamente importante: a potencialidade da gratuidade. Eis um valor perdido em nossos tempos. Pare e pense quantas pessoas mandam mensagem ou ligam para você pelo simples fato de querer saber como você está. Provavelmente muito poucas ou quase nenhuma. Sim, pode parecer pessimismo, mas estamos cada vez mais imersos na cultura da utilidade. Mando mensagem, ligo ou visito quando preciso de algo e só. O erro não estar em mandar um "ZAP" quando estou precisando, mas em resumir o contato a isso. O mesmo se aplica a uma ligação ou visita. Sim, parece que vivemos a cultura do procura quando precisa... Precisa de conselho, de alguém para escutar, de uma roupa, de um sapato, de um favor, de um pouco de arroz, de... de... E por aí vai. E quando está tudo bem,...

Um coração cansado de esperar

Um coração cansado de esperar E decidido a perseverar Alegra-se ao encontrar um semelhante para partilhar Afinal, fomos feitos mesmo para amar. E nas voltas da vida iremos nos encontrar. E então, a alegria brotará da sua escolha em esperar. Durante este período O orgulho insiste em nos visitar Trazendo a ideia de que já sei o suficiente e estou pronta para lhe encontrar As lágrimas escorrem por não sabermos lidar Com a angústia e a pressa do que o amanhã trará E assim passam anos, séculos, nos quais encontramos pessoas para nos ajudar A perseverar e crer que o amanhã logo virá. Adriana da Silva Ribeiro

Mulheres

  As mãos que vejo Cansadas da labuta Com força e ternura São dela, são da mulher.   Mãos de trabalho, Mãos do afago, Mãos de mãe, Mãos do regaço, Mãos de mulher.   Os olhos que vejo são dela Olhos recheados de amor Banhados pela vida Entre tantas feridas São dela, são da mulher.   Os pés nos sapatos Entre um passo e o descompasso Caminham pela vida Deixam passos em seguida São dela, são da mulher.   O sorriso aberto As palavras em melodia O gosto pelos filhos A luta de cada dia São elas, são mulheres.   De calça ou de saia No escritório ou na cozinha Nos livros ou nas panelas São atentas e fortes São elas, as mulheres.   O coração em seu peito Palpita em segredo No ritmo da vida Trabalho e família É dela, é da mulher.   Não se preocupe, ó doce ser A vida tem tantas batalhas Mas no correr dos ponteiros Não deixarão passar em branco A grandiosidade do seu ser,...