Dizem que tenho que enfrentar meus medos
Mas quem disse que quero tocar em minhas feridas agora?
Percebo que não consigo lidar com tudo agora
Mas será que preciso fazer isso neste instante?
O mundo cobra respostas
As pessoas cobram respostas
Cobram tanto e oferecem tão pouco.
Mas não tenho todas ainda
Será que é difícil esperar meu tempo?
Se a flor tem tempo para desabrochar
Se a semente tem seu tempo para nascer
Se a chuva tem seus ciclos
Por que tenho que ter respostas tão rápidas?
Preciso de tempo
Preciso de silêncio
Preciso de pausas
Preciso escutar
Escutar-me
Introspecção.
A singularidade humana mostra que cada um tem seu tempo
Não há receita pronta
O remédio que curou seu João não salvou seu Pedro
A doença que aleijou Catarina não machucou Rosimar.
Quando será que compreenderemos o valor da singularidade?
Cada um a seu tempo
Cada um...
Um!
Só quero ir para um jardim
Sentar num banco
Sentir o vento em meu rosto
O barulho da água do chafariz
Uma criança correndo lá longe
Os tantos carros na avenida de leito branco
O verde das plantas
Das árvores resilientes.
Aquele jardim não condena
Ele não julga
Só me ouve
Escuta meu silêncio.
Não quero dizer nada
Só quero presença
Presença que acolhe
Não julga
Presença com cheiro divino
Presença confortante
O kronos e kairós de mãos dadas
Na fração de uns minutos.
E eu ali
Num banco
No jardim
Naquele parque
Por um momento esqueço as feridas
E descanso de mim
Sem sair de mim
Estando ali
Na companhia de lágrimas
Descem ligeiras
Vem lá da fonte
Escorrem
Pois já não cabem no peito
Ali
Eu
Meu Eu
Minha história
Fatos e cacos
Passado e agora
Um pouco de futuro
Consertando-se
Eu
Deus
E cia.
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