(Imagem: internet)
Hoje iniciamos o
mês de setembro, o setembro amarelo recordando a bela iniciativa de prevenção
ao suicídio. Hoje é também dia da Beata Isabel Cristina que morreu vítima da
violência humana defendendo aquilo que acreditava em sua alma. Como é curioso o
chão da vida! Devo essa expressão a minha amiga Rosângela. Ela uma vez me
disse:
- Manu, o chão da vida não é
fácil, aprendemos cada dia a caminhar nele.
Sábias
palavras, Rosângela. O chão da vida é uma terra que caminhamos descalços e
muitas vezes dói a sola dos pés. Tem momentos que o frio machuca ou o calor
queima no caminhar, mas o que fazer? Não se pode parar no caminho ou melhor,
não se deve parar de caminhar. Obviamente há momentos que terei que descansar e
recuperar minhas forças, mesmo que em algum desses momentos pareça que elas
exauriram totalmente. Entretanto, realmente desconhecemos nosso potencial. Quanta
força há dentro de nós e nos momentos mais difíceis que elas agem.
A vida por si já
tem seus desafios e nós, seres humanos, complicamos ainda mais. Parece que ser
adulto é viver administrando conflitos. Ah que saudade quando minha preocupação
maior era ter que guardar os brinquedos depois de um dia brincando naquela
areia que meu pai ali conservava para nossa diversão. Naquele tempo, minha
alegria consistia em fazer caminhos para os carrinhos passarem, túneis nos
quais corriam os rios da minha imaginação. Aqueles boizinhos e cavalos com os
outros diversos brinquedos formavam uma sociedade utópica que tenho saudade. Lá eu não
tinha contas para pagar e nem que enfrentar a incompreensão de tantos ou a
grande imaturidade que permeia os relacionamentos humanos mais de adultos do
que de adolescentes.
- Aqui só tem adultos!
Quantas
vezes ouvi essa frase para dizer da necessidade de resolver as coisas civilizadamente.
E de que adianta só ter adultos, tanto faz adulto ou adolescente se não tem
maturidade nos relacionamentos. É claro que de um adulto se espera mais
maturidade, mas tenho percebido que a regra não é aplicada em muitos casos. No fundo
está a vulnerabilidade humana. Tal palavra remete a nossa fragilidade. Como
sabiamente diz a São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios (4,7): “carregamos um
tesouro em vasos de barro”. Vulnerabilidade é nossa fragilidade humana, o nosso
vaso de barro. Ele pode ter doutorado e morar numa mansão naquele bairro de alta
poder aquisitivo, mas isso não o impede de ser vulnerável como ser humano. Ela
é psicóloga com diversos títulos e reconhecimento internacional, mas isso não a
isenta da ansiedade doentia e de ter depressão. Eles podem ser adultos, mas
isso não faz do ambiente onde trabalham um lugar sem fofocas e provocações.
Esse é o chão da vida, lugar das nossas vulnerabilidades, ou seja, de nossas
fragilidades.
E
aí? Reconhecer que carregamos tesouros em vasos de barro é o primeiro passo.
Erro! E isso é normal, ou melhor, “acontece com os vivos” como sabiamente disse
aquela médica naquela noite de sexta-feira em que meu pai estava sendo
internado. E que mal tem de errar? Que perfeição é essa que é cobrada, mas não
é vivida por ninguém? Erro, mas preciso aprender a cada dia a errar menos,
melhorar, ser uma versão melhor de mim mesmo... A questão aqui não é buscar a
perfeição no sentido perfeccionista, mas ser um ser humano melhor e que nunca
deixará de possuir vulnerabilidades.
O chão da vida é
uma terra difícil, mas não impossível de caminhar. Tenho consciência que a cada
passo posso aprender algo e mesmo que erre, posso aprender com meus erros. Isso
não é clichê, mas sabedoria popular. Se sou “cabeça dura”? Um pouco - com certeza,
mas a cada noite, antes de dormir, faço meu exame de consciência, converso
comigo e com Deus, e durmo com a certeza que amanhã tentarei fazer melhor,
tentarei... Quase chegando o sono exclamo baixinho: se Deus quiser... Se Deus
quiser... Zzzzz.
Emanuel Tadeu
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