Certo dia passando pelo
jardim do seminário como faço habitualmente após as aulas, algo me chamou
atenção, era um pé de flor. Não era uma orquídea esplendorosa ou uma rosa
daquelas exuberantes, mas um simples pé de flor. Entretanto, o que mais me
incomodou era o lugar onde ela estava fixada, não era no solo fofo do jardim ou
em um jarro, mas em uma dura parede. Que coisa mais extraordinária, uma flor
que nasceu entre o chão duro e a parede. Algo engraçado de ser observado.
Fiquei ali uns instantes a contemplar. Como poderia aquela flor tão frágil ter
adentrado naquela parede e ali feito sua morada. Ri sozinho. Que flor louca!
Logo pensei.
Que lição, porém, aquele pequeno ser me passou. Mostrou-me o
quanto é possível ter ternura em meio à rispidez, como é possível beleza em
meio ao sem graça, como é possível amor mesmo com a dureza do coração. Aquela
flor fez lembrar-me de tantas pessoas que mesmo com uma rotina cansativa, com
as injustiças vistas e sofridas e com inúmeras críticas recebidas, não
desanimam de lutar por um mundo melhor são como que flores a refletir beleza e
singeleza em meio a lugares onde essas características pouco aparecem ou nem
são vistas. A flor na pedra é a esperança de um lugar melhor para se viver,
lugar onde a vida seja colocada acima dos interesses egoístas, onde haja espaço
para os sonhos e onde o amor seja a seiva a fortalecer e fazer florir, exalar
perfume e ser ela mesma.
Emanuel Tadeu
#Crônica #UtopiadoViver #Poesiar
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